2 espiões chineses presos nos EUA por tentativa de recrutar soldados

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O Departamento de Justiça dos Estados Unidos formalizou nesta terça-feira (01) acusações contra dois cidadãos chineses, Yuance Chen e Liren “Ryan” Lai, por atuarem como agentes do Ministério de Segurança do Estado da China (MSS) e tentarem recrutar militares americanos. Segundo a investigação, Chen, que vivia legalmente no Oregon desde 2015, e Lai, que entrou nos EUA com visto de turista em abril deste ano, montaram um esquema de espionagem que incluía pagamentos em dinheiro em locais públicos para os cidadãos norte-americanos recrutados. 

Em janeiro de 2022, por exemplo, eles organizaram um “dead drop“, técnica clássica de espionagem na qual US$10 mil foram deixados em um centro recreativo na Califórnia como pagamento por informações confidenciais sobre membros da Marinha.

O caso ganhou repercussão porque Chen chegou a fotografar bases navais, centros de recrutamento e coletar dados pessoais de militares, como nomes, cidades de origem e histórico familiar. Tudo era enviado a contatos ligados ao governo chinês. De acordo com o procurador-geral Pam Bondi, essa operação faz parte de um esforço agressivo do Partido Comunista Chinês para infiltrar agentes no sistema de defesa dos EUA. O diretor do FBI, Kash Patel, disse que, mesmo usando métodos aparentemente rudimentares, como dinheiro trocado em armários, os dois agiam com alto grau de planejamento e dissimulação.

Chen foi preso em Oregon e Lai acabou detido em Houston, no Texas. Eles já compareceram perante tribunais federais e podem pegar até 10 anos de prisão e multas que chegam a US$250 mil. O Departamento de Justiça também revelou que os suspeitos mantinham contato constante com operativos chineses por aplicativos criptografados. Fontes como Associated Press e Houston Chronicle confirmaram que os alvos principais eram militares da Marinha que, em tese, poderiam fornecer informações logísticas e de segurança sobre operações navais sensíveis.

Este episódio ocorre em meio a uma sequência de ações do governo norte-americano contra atividades clandestinas de Pequim. Em 2023, dois marinheiros foram indiciados por fornecer segredos à China. No ano seguinte, outros cinco suspeitos foram presos ao fotografar exercícios militares em Michigan, indicando um padrão consistente de tentativas de espionagem. Em paralelo, casos como o do engenheiro Ji Chaoqun, condenado em 2023 por espionagem industrial, reforçam os sinais de que Pequim vem usando cidadãos aparentemente integrados à sociedade americana como agentes de coleta de dados confidenciais.

O governo chinês ainda não divulgou comentários oficiais sobre o caso, mas autoridades norte-americanas interpretam a operação como parte de uma estratégia mais ampla de Pequim para obter inteligência militar crítica. O momento é delicado: relações bilaterais seguem pressionadas por acusações mútuas de espionagem, restrições comerciais e disputas sobre tecnologia. Especialistas em segurança alertam que esse modelo híbrido de espionagem, combinando agentes locais e estrangeiros com operações cibernéticas, tende a se intensificar, mesmo com repressões severas.

Os promotores afirmam que as detenções demonstram o compromisso dos EUA em proteger suas Forças Armadas e o povo norte-americano, e enviar um recado claro a adversários estrangeiros. Apesar das prisões, esse tipo de infiltração continuará sendo uma ameaça constante e exigirá reforço contínuo da contrainteligência. 

Fontes: US Department of Justice, CNN, Reuters

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